sexta-feira, 17 de março de 2017

E se ...?



E se tudo fosse simples?
E se não existisse mais nada se não o momento.
Nem ontem nem amanhã: só agora.

Não importaria quem és ou quem sou.
Em que pensas, o que sonhas, o que te faz estar aqui.
Apenas estávamos ali e era o suficiente.

Uma troca de olhares comunicava o desejo.
Não, não nos limitemos a olhares, façam-se fazer ouvir as vontades.
Porque se há de silenciar o desejo?
Porque não hei-de eu dizer o que quero?
Porque não hás-de tu dizer o queres?
Porque não haveremos nós de excitar o outro com palavras?
Ainda que segredadas, sussurradas, gemidas.
Ou simplesmente ditas como se diz outra coisa qualquer.

E se não houvessem receios?
E se não tivéssemos medo de testar limites?
E se o maior limite não fossemos nós próprios?

E se pudéssemos ficar ali, frente a frente,
a desenharmo-nos com os olhos, a trocar intenções futuras,
a criar expectativa, mas sem expectativas ou pressões..

E se tudo fosse simples?